Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É revoltada, trágica, sombria,
Como galopes infernais de vento!
É frágil como o sonho dum momento,
Soturna como preces d'agonia,
Vive do riso duma boca fria!
Minh'alma é a Princesa Desalento…
Altas horas da noite ela vagueia…
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve a minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta…
Florbela Espanca, «Livro de Soror Saudade», in «Poesia Completa»
2 comentários:
Que bonito! A senhora escreve sempre assim este género de coisas? Acho que vou passar um tempinho para conhecer melhor...
este não é o melhor, mas são todos muito bonitos! recomendo vivamente que passes os olhos por alguns poemas da senhora...
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